Estamos no mês de agosto, mês das vocações.Falamos
muito nisso mas quando dizemos que alguém tem vocação, afinal o que queremos
dizer? A palavra vocação significa chamado. É, pois, um chamado de Deus. Se há
alguém que chama, deve haver outro que escuta e responde.
Não existe homem que não seja convidado ou chamado
por Deus a viver na liberdade, que possa conviver, servir a Deus através do
relacionamento fraternal com os outros.
Precisamos distinguir bem vocação de profissão,
elas não são exatamente a mesma coisa, pois profissão é uma aptidão uma escolha
pessoal, pode ser trocada, a vocação é um chamado de Deus, é para sempre e
vivida a todo instante.
Você é uma vocação. Você é um chamado.
Na Bíblia percebemos muitos chamados feitos por
Deus: Abraão, Moisés, os profetas... Em todas as escolhas, encontramos:
Deus
chama diretamente, pela mediação de fatos e acontecimentos, ou pelas pessoas.
Deus
toma a Iniciativa de chamar.
Escolhe
livremente e permite total liberdade de resposta.
Deus
chama em vista de uma missão de serviço ao povo.
Vocação é o encontro de duas liberdades:A de Deus
que chama e a do Homem que responde
Podemos fazer uma distinção entre os chamados:
vocação à existência, vocação humana, vocação cristã e vocação específica, uma
sobrepondo-se à outra.
Esta semana Celebramos a vida dos religiosos e das
religiosas, que a partir de seus carismas, são convidados a colaborarem com as
Igrejas particulares para formar discípulos-missionários”
Ser
irmão religioso ou irmã religiosa / vida ativa ou contemplativa
O religioso é chamado a testemunhar Cristo de uma
maneira radical, vivendo uma consagração total nos votos de pobreza, castidade
e obediência. Com a pobreza, vivem mais livres dos bens temporais, tornando-se
disponíveis para Deus, para a Igreja e para os irmãos. Com a castidade, vivem o
amor sem exclusividade, sendo sinal do mundo l futuro que há de vir. Com a
obediência, imitam a Cristo obediente e fiel à vontade do Pai.
Padre Religioso
Um padre religioso (por vezes chamado de “regular”
por seguir um regra religiosa) está sob a autoridade de um superior e não se
restringe a uma diocese particular: ele trabalha nos lugares onde a família
religiosa – Ordem, Congregação, etc – marca presença, seja nas cidades ou em
área de missões.
Isto é, muito embora um padre religioso não
pertença a uma diocese em particular, onde estiver ele estará servindo o povo
de Deus em comunhão com o bispo da diocese onde ele estiver trabalhando no momento.
No caso de uma Ordem internacional como a dos Agostinianos Recoletos – presente
em 19 países -, um padre religioso agostiniano recoleto pode ser chamado a
trabalhar em qualquer um dos lugares onde a Ordem forma comunidade.. Para os
padres religiosos, morar sozinho não é uma possibilidade inerente à sua vocação
pois estes são chamados a viver e trabalhar e rezar em comunidade. Este
espírito de comunidade é especialmente forte entre os Agostinianos Recoletos
que são chamados a formar comunidade sob a inspiração e testemunho de Santo
Agostinho que afirma: “os irmãos devem viver em uma mesma casa, tendo uma só
alma e um só coração dirigidos para Deus.
Primeiro e antes de tudo um membro de uma
comunidade religiosa é um irmão. Pode ser que ele seja diácono ou padre. Assim,
é impossível para um padre religioso não ser irmão. E ao ser ordenado diácono
ou sacerdote (padre) ele não deixa de ser irmão: ele se torna um irmão ordenado
diácono ou sacerdote.
A Vida de Irmã Dulce
Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco
tempo antes de completar 78 anos. A fragilidade com que viveu os últimos 30
anos da sua vida, com a saúde abalada seriamente - tinha 70% da capacidade
respiratória comprometida - não impediu que ela construísse e mantivesse uma
das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, batendo de
porta em porta pelas ruas de Salvador, nos mercados, feiras livres ou nos
gabinetes de governadores, prefeitos, secretários, presidentes da República,
sempre com a determinação de quem fez da própria vida um instrumento vivo da
fé.
Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes,
professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes
Pontes, ao nascer em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irmã Dulce recebeu o nome
de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, ela já havia
transformado a casa da família, na Rua da Independência, 61, num centro de
atendimento a pessoas carentes. É nessa época que ela manifesta pela primeira
vez o desejo de se dedicar à vida religiosa, após visitar com uma tia áreas
onde habitavam pessoas pobres.
A sua vocação para trabalhar em benefício da
população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que
ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha.
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua
formatura como professora, Maria Rita entrava para a Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão,
em Sergipe. Pouco mais de um ano depois, em 15 de agosto de 1934, era ordenada
freira, aos 20 anos de idade, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à
sua mãe.
A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi
ensinar em um colégio mantido pela sua congregação no bairro da Massaranduba,
na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado para o
trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de
Alagados e de Itapagipe, também na Cidade Baixa, área onde viriam a se
concentrar as principais atividades das Obras Sociais Irmã Dulce.
Os primeiros anos do trabalho da jovem missionária
foram intensos. Em 1936, ela fundava a União Operária São Francisco, primeiro
movimento cristão operário da Bahia. Em 1937, funda, juntamente com Frei
Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de
três cinemas que ambos haviam construído através de doações - o Cine Roma, o
Cine Plataforma e o Cine São Caetano. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurava o
Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de
operários, no bairro da Massaranduba.
Nesse mesmo ano, Irmã Dulce invadiu cinco casas na
Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Expulsa do lugar,
ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários lugares,
até, por fim, instalá-los no galinheiro do Convento Santo Antônio, que
improvisou em albergue e que deu origem ao Hospital Santo Antonio, o centro de
um complexo médico, social e educacional que continua com as portas abertas
para os pobres da Bahia e de todo o Brasil.
O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce
teve do povo baiano, de brasileiros dos diversos estados e de personalidades
internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República,
José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da
Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João
Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua
obra.
Os dois voltariam a se encontrar em 20 de outubro
de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez
questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio
visitar Irmã Dulce, já bastante debilitada, no seu leito de enferma. Cinco
meses depois da visita do Papa, os baianos chorariam a morte do Anjo Bom. No
velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, políticos,
empresários, artistas, se misturavam a dor das milhares de pessoas simples,
anônimas. Muitas delas, identificadas com o que poderíamos chamar do último
nível da escala social, justamente para quem Irmã Dulce dedicou a sua obra.