Mês da Bíblia 2011 - Os desafios da travessia


Neste artigo, faremos apenas uma introdução ao tema do Mês da Bíblia, tendo como referência maior o livro do Êxodo.  Após uma breve visão sobre a importância do Êxodo na história do Povo de Deus, situaremos o texto de Ex 15,22-18,27 no seu contexto enfatizando a travessia do Mar Vermelho e a celebração da vitória de Deus na luta do seu povo. Só então, faremos uma rápida menção ao conteúdo do texto de estudo do Mês da Bíblia, pois pretendemos contar aprofundar o assunto nos próximos artigos. 

A Bíblia é o nosso Livro Sagrado e deve estar em nossas mãos e em nosso coração todos os dias. Mas o Mês da Bíblia é um tempo especial, que chama nossa atenção para a sua importância em nossa vida. Sua finalidade é torná-la mais conhecida, amada, divulgada e levada à prática, no nosso dia a dia. A proposta de estudo para o Mês da Bíblia de 2011 é o texto do Êxodo, do capítulo 15 a 18, tendo presente o itinerário da Missão Continental e o tema da Iniciação à Vida Cristã à luz da caminhada do Povo de Deus.

O Tema: “Travessia – passo a passo, o caminho se faz” nos motiva a descobrir os passos da caminhada a ser percorrida por nós que somos hoje o Povo de Deus fazendo a nossa travessia.

O Lema: “Aproximai-vos da presença do Senhor!“ (Ex 16,9), nos impulsiona a manter vivo o desejo de experimentar a presença de Deus que nos ama, ilumina e guia nossos passos nas travessias pelos caminhos da vida.

Com a proposta deste estudo, a Igreja pretende animar a caminhada das nossas comunidades; incentivar a partilha da vida e da fé; suscitar ações solidárias; iluminar o itinerário da vida cristã e promover a união famílias e comunidades. A temática do ‘caminho’ está presente em toda Bíblia. No Evangelho de Lucas, Jesus está sempre a caminho e, segundo Atos dos Apóstolos, ser cristão é fazer parte do “caminho” (Lc 9, 53-57; 10,1; At 9,2; 19,9). Nossa fé nos dá a convicção de que, neste mundo, somos “hóspedes e peregrinos” sempre a caminho, rumo à terra prometida de uma vida digna e feliz para todos, rumo à nossa plenitude, até podermos contemplar a Deus face, na sua glória.

Experiência do Êxodo: evento gerador do povo de Deus.
O livro do Êxodo é fruto da caminhada do Povo de Deus. Nele está o eixo central de toda a Bíblia. Sua importância está no fato de narrar a ‘libertação’, tema central da história do Povo de Deus, chamado ‘Israel’.

A experiência do Êxodo é o ato gerador de Israel, o marco da sua fundação como povo. A história da libertação e da formação deste povo começa com a saída ou fuga dos hebreus da escravidão do Egito, sob a liderança de Moisés, Aarão e Miriam, por volta de 1250 a.C. Deus se revela como Javé, o Deus libertador, que combate do lado do seu povo e o liberta, para fazer com ele uma aliança.

O nome “Israel” quer dizer, Deus luta. Isto explica a origem deste povo, no campo de batalha, lutando, em nome de Deus, pelo sonho de uma vida digna e feliz, numa terra livre. Trata-se de um povo formado por grupos de hebreus procedentes de vários lugares, de múltiplas etnias e com diferentes experiências religiosas. O que une esse povo em marcha é o desejo de sair da condição de escravidão e opressão e viver em liberdade. São as práticas da caminhada em busca dessa liberdade, motivadas pela fé, que chamamos de Êxodo e que constitui a fonte primeira da religião do culto a Javé e da sua existência como povo. O risco de perder a própria identidade e de esquecer a sua missão, sobretudo nos momentos de crise, levou o povo a recordar e reinterpretar o evento original do Êxodo, buscando nessa experiência, luz e força para prosseguir na caminhada.

Fazendo memória da importância da experiência do Êxodo, o povo reza no seu Credo histórico: “Nós éramos escravos do Faraó no Egito, mas Javé nos tirou do Egito com mão forte. Diante dos nossos olhos realizou sinais e prodígios grandes (  ) e nos tirou do Egito para nos introduzir aqui e nos dar esta terra que havia prometido aos nossos antepassados... (Dt 6, 21-23).


Situando o texto de Êx 15,22- 18,27 no seu contexto: da fuga à celebração da vitória na travessia do Mar Vermelho
v  No caminho para a liberdade o medo toma conta do povo (Êx 14,1-15).

Aqueles que acabaram de fugir da escravidão do Egito, agora, encontram-se num beco sem saída. O exército do Faraó, com seus carros, cavalos e cavaleiros saiu atrás deles, para impedir a passagem pelo Mar Vermelho e trazê-los de volta à casa da escravidão (14,6-9). Foi aí que medo os paralisou. Mas Deus, disse a Moisés: “Diga ao povo que avance” (14,15), isto é, que se ponha a caminho. E o novo passo dado foi decisivo. O mar, como que se abriu à sua frente e eles conseguiram, com a ajuda de Deus, escapar de uma vez das garras do Faraó e do seu exército.

v  “Cantem a Javé, pois sua vitória é sublime...” (Êx 15, 21).

Este é o refrão do Cântico que a profetisa Miriam, irmã de Moisés, entoou, na celebração da vitória. Neste hino de Ex 15,1-21, que era rezado e cantado com freqüência, o povo atribuía a Javé, não só a vitória na travessia do Mar vermelho, como também, outros fatos e conquistas da sua trajetória onde Deus agiu a seu favor. Esta memória histórica confirma que o Deus do Êxodo toma o partido dos pobres, oprimidos e escravizados na história.

v  Mulheres estão à frente da celebração da vitória

Miriam está em destaque. Ela mais outras mulheres, após a travessia do Mar Vermelho, animaram a liturgia em ação graças, dançando, tocando tamborins, entoando o Cântico de Miriam, celebrando vitória de Javé na luta e do seu povo contra o faraó e seu exército (v 20-22).

É bom lembrar aqui, as muitas Mirians de hoje em nosso meio. É tão significativa a presença das mulheres nas nossas comunidades, animando a liturgia, a catequese, os grupos de família e exercendo tantas outras tarefas, impulsionadas pelo amor, na gratuidade, sem descuidar das suas responsabilidades na família e no trabalho.

3. Os sinais e prodígios de Deus na caminhada do seu povo no deserto (Ex 15,22-18,27)

Deserto, na Bíblia, tem muitos significados: lugar da solidão, da tentação, da provação e da falta de tudo. A fome e a sede levaram o povo a murmurar contra Moisés, e a tentação de voltar atrás foi grande. Porém, deserto é, também, do silencio e discernimento, bastante propício para escutar a voz de Deus, corrigir a rota da própria caminhada e pensar uma nova organização, como povo, segundo o projeto de Deus.

Nestes textos que inspiraram o lema a tema do Mês da Bíblia (Ex 15,22-18,27), o escritor sagrado descreve fatos que marcam a manifestação do amor e do carinho de Deus por seu povo no seu itinerário rumo à terra prometida: a água da rocha, o maná, a guerra contra Amelec e o encontro de Jetro com Moisés. Foram escritos vários séculos depois e contêm histórias populares exaltando a espetacular ação de Deus na caminhada do seu povo.

Você quer conhecer mais a Bíblia e vivê-la com mais intensidade?

Vá além deste primeiro artigo, onde oferecemos apenas um aperitivo sobre o texto bíblico que fundamenta o estudo do Mês da Bíblia deste ano. Você está convidado a ler na sua Bíblia, o texto do livro do Êxodo, capítulos 15 a 18, e a acompanhar os próximos artigos sobre o assunto neste site.

Ao retomarmos essa caminhada do Povo de Deus, podemos encontrar luz e inspiração para enfrentar com coragem e ousadia os desafios da nossa caminhada hoje. Participe com sua família dos grupos de reflexão ou grupos bíblicos em famílias, sobre o tema do Mês da Bíblia. Esse é um espaço onde você terá a oportunidade de conhecer mais a Bíblia com o auxílio do material de estudo e reflexão oferecido pela Igreja, para ajudá-lo a fazer da Bíblia, Palavra de Deus, sustento  e força para a sua caminhada. Celebre com sua comunidade o Dia da Bíblia, último domingo de setembro.