Santo Antônio de Lisboa e de Pádua
Santo Antônio de Lisboa e de Pádua, admirável apóstolo franciscano,  impactou a Igreja do século 13. Doutor da Igreja desde 16 de janeiro de 1946, pela bula Exulta, Lusitania felix, por declaração de Sua Santidade o papa Pio XII, teve sua canonização oficiada por Sua Santidade o papa Gregório XI, no próprio ano de sua morte, ou seja, 1231 (13 de junho).
Sua fama, no mundo medieval e católico, foi de tal ordem que era chamado de “o Santo de todo o mundo” ou “o Santo dos milagres”, a primeira denominação, porque se dizia de Santo Antônio que tinha o dom da onipresença, estando em diversos lugares ao mesmo tempo; e a segunda, porque não foram poucos os milagres atestados que realizou em vida, ao ponto de ter sido canonizado poucos meses após a sua morte.
Seu nascimento deve ter ocorrido entre 1188 e 1191, em uma casa perto da Catedral, sendo seu nome de batismo Fernando. Sua família era da média burguesia, com o que foi possível a Santo Antônio receber uma sólida educação humanística, lembrando-se que, à época, a educação religiosa penetrava todos os quadrantes do conhecimento. Sua educação fez-se em escola da própria Catedral.
A vocação religiosa surgiu desde tenra idade, tanto é assim que ainda bem jovem ingressou no mosteiro dos agostinianos, nos arredores de Lisboa. Dizem seus biógrafos que sua mudança para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, aos 17 anos, deu-se porque Santo Antônio estava muito preocupado pelas constantes visitas que a família lhe fazia, o que dificultava o desprendimento necessário e a dedicação exclusiva a Deus, a quem serviria durante toda a sua vida. Não lhe permitiam, pois, uma vida contemplativa. Em Lisboa foi um autêntico autodidata.
Em 1220, autorizado por seus superiores, decidiu ingressar na ordem franciscana recém-fundada, tendo, neste momento, deixado seu nome Fernando, trocando-o por Antônio.
A pureza da nova ordem sensibilizou muito o Santo dos Impossíveis, que era de um rigor maior do que o que encontrara no Mosteiro de Santa Cruz, onde certas regalias permitidas o perturbavam.
Já nas suas primeira aparições na Itália, como orador, seu talento foi reconhecido, assim como sua extraordinária capacidade de convencer pessoas a se entregarem a Deus e buscarem um novo caminho de santidade.
Percorreu a região italiana da Romagna de 1221 a 1223 e enfrentou a heresia dos cátaros,  que dominava principalmente a França, segundo a qual inúmeras liberdades, inclusive no plano sexual, eram permitidas aos que aderissem à seita, que se dizia cristã, e que se formava numa linha quase panteísta.
Em 1223, o próprio São Francisco, fundador da Ordem, nomeou-o primeiro leitor e professor de teologia, passando a residir em Bologna. Não pôde ficar muito tempo em Bologna, pois o papa Honório III pediu que viajasse para a França, agora para combater a heresia valdense. Passou a residir em Montpellier, percorrendo, em suas andanças e pregações, todo o sul e o centro daquele país. Os reflexos de sua pregação fizeram-se sentir de imediato, sendo Santo Antônio uma unanimidade entre aqueles que o ouviam e que nele reconheciam um fantástico orador e um santo de uma pureza incomparável.
Em 1227, foi nomeado ministro provincial na Romagna, cargo e função que não impediram que continuasse a exercer intenso apostolado.
Seu fervor e eloquência levou-o a Assis para defender a pureza da Ordem contra alguns desvios que começavam a aparecer, principalmente após a turbulência de uma Quaresma em Pádua, isto em 1230.
Com saúde já debilitada, deixou o cargo de ministro provincial e retirou-se ao Mosteiro de Arcella, nos arredores de Pádua, onde veio a falecer no ano seguinte, no dia 13 de junho.
Entre suas obras, encontram-se Sermones in solennitatibus (Sermões para as festas), Sermones in honorem et laudem Beatissimae Virginis Mariae (Sermões em honra e louvor da Beatíssima Virgem Maria) e Sermones dominicales (Sermões de domingo). Em todos eles revelou-se um profundo conhecedor das Escrituras e do papado, além de mostrar um sólido conhecimento da cultura clássica.
Viveu de 29 a 32 anos em Portugal e 10 anos na Itália, sendo um santo das duas pátrias, mas, mais do que isso, como é conhecido, o Santo de todo o mundo.

Oração  de Santo Antônio
Fernando Martins
Tu, que renunciaste ao conforto e riqueza
do Mosteiro de Santa Cruz
pela humildade e pobreza
do Eremitério de Santo Antão,
quando mudaste o nome de Fernando por Antônio.
Tu, que ao regressares de Marrocos
duma missão de apostolado, é o teu barco,
com destino a Portugal, jogado, por vontade de Deus
e misteriosa tempestade às costas sicilianas.
Tu, que já chegas à Itália como Sábio e Santo, virtudes
adquiridas na tua querida Lisboa e tão sábia Coimbra.
Tu que és Luz do mundo,
como te chamou o teu patrício padre Antônio Vieira,
ou Luz do universo,
como declarou o papa Pio XII.
Tu, que detiveste terríveis tempestades nas principais
praças das cidades de Bourges e Limoges para que multidões
ouvissem a palavra de Deus saída da tua divina boca.
Faz o milagre, querido Santo Antônio,
entre os milhares que fizeste, de repartir as águas,
que na sua abundância sacrificaram os brasileiros do Sul,
e reparte-as pelas áridas terras do Nordeste,
onde tantas crianças, homens, mulheres e animais
morrem de fome e de sede!
Amém.