Liturgia da Palavra - 11/03/2012

3º Domingo da Quaresma

"Conversão, a resposta ao amor primeiro!"


Quaresma é tempo de conversão. Por isso é também tempo do amor, a força maior de conversão.  Minha conversão é frágil se não me sinto amado por Deus. Sim, o amor é o caminho de conversão que Ele nos propõe: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito", portanto "não matarás!" Que nos vença essa força do Amor: faça-nos melhores, mais fraternos!


Liturgia da Palavra - Deus nos fala
Só o amor leva à conversão. Mais que milagres, sabedoria, "nós pregamos Cristo crucificado", o amor maior. Deus ama, tirando-nos do Egito, então sejamos d'Ele! O Crucificado é a casa do Pai, o templo da vida que se doa: que tão grande amor nos cative!


1ª Leitura - Êx 20,1-3.7-8.12-17
Leitura do Livro do Êxodo:
Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras:
"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão.
Não terás outros deuses além de mim.
Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não deixará sem castigo quem pronunciar seu nome em vão.
Lembra-te de santificar o dia de sábado.
Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos anos na terra que o Senhor teu Deus te dará.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não furtarás.
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que lhe pertença".
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus!


Salmo Responsorial - Sl 18
Senhor, tu tens palavras de vida eterna.

A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes.

Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.

É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente.

Mais desejáveis do que o ouro são eles, do que o ouro refinado. Suas palavras são mais doces que o mel, que o mel que sai dos favos.


2ª Leitura - 1Cor 1,22-25
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:
Irmãos: Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos.
Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus.
Pois o que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus!


Evangelho - Jo 2,13-25
Anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, escrito por João:
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.
No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados.
Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: "Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!"
Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: "O zelo por tua casa me consumirá".
Então os judeus perguntaram a Jesus: "Que sinal nos mostras para agir assim?"
Ele respondeu: "Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei".
Os judeus disseram: "Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?"
Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo.
Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa. Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu  nome.
Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos; e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser humano, porque ele conhecia o homem por dentro.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor!


REFLEXÃO

3º DOMINGO DA QUARESMA, DIA DO DÍZIMO E DE BATIZADOS.

JESUS, O VERDADEIRO TEMPLO DE DEUS.


O evangelho de hoje relata a presença e a indignação de Jesus no templo diante do comércio ali praticado.   A expulsão das pessoas acontece em pleno tempo da Páscoa dos judeus, quando Jerusalém encontra-se apinhada de peregrinos, vindos de todas as partes do mundo para celebrar, oferecer sacrifícios e cumprir suas promessas. Por que ele age assim?

Tendo purificado o templo da presença de mercadores, declara que chegou o reino do Messias, condena qualquer ligação entre religião e interesses econômicos, mostra a inauguração de um novo templo e o início de um novo culto.

Mas que templo novo é esse?  A nova casa de Deus, o novo templo, o lugar onde ele habita é Cristo e com ele a comunidade dos crentes ( cada um de nós). Cristo e os membros da comunidade cristã formam o novo santuário no qual elevam a Deus, em todos os momentos, os louvores, os cantos, os sacrifícios que lhe são agradáveis.

Esse templo novo não pode ser destruído por nenhuma força do mal, templo que nos ensina a viver como verdadeiros irmãos e irmãs, cumprindo os mandamentos, a lei da vida, da libertação. Se nós não tivermos clareza do projeto de Jesus ( que é a contramão do projeto do deus-mercado) não será possível observar os mandamentos. Não adianta sabê-los de cor. Eles foram exatamente promulgados para superar as opressões que aconteciam na “casa da escravidão”( no sistema do faraó).

O grande pecado deste mundo é a sacralização do mercado. O culto ao mercado virou uma religião cheia de deuses, que cultuam a riqueza, o poder, justificando no mundo uma desigualdade terrível, uma saúde pública precária e vergonhosa.

Ora, o deus-mercado de hoje repete exatamente a opressões do faraó: não observa nenhum dos mandamentos. Vejamos, mandamento por mandamento: o mercado adora o dinheiro e o poder (1º - Amar a Deus sobre todas as coisas); usa de modo blasfemo o nome de Deus para justificar a guerra e tantas barbaridades (2º Não tomar seu santo nome em vão); não guarda o Dia do Senhor (3º _ Guardar domingos e festas de guarda); desmonta a família (4º Honrar pai e mãe); mata bastante e manda matar, desrespeitando o valor da vida humana (5º- Não matar); legaliza o adultério, eleva  o amor carnal, “amor de momento”(6º- Não pecar contra a castidade); rouba legalmente (7º - Não roubar); uso do falso testemunho contra os pobres da terra(dentro e fora dos tribunais) (8º- Não levantar falso testemunho); e, finalmente nos ensina todo os dias a cobiçar de tudo através da propaganda desenfreada dos meios de comunicação social ( 9º- Não desejar a mulher do próximo e 10º Não cobiçar as coisas alheias).

Os dez mandamentos não são leis severas, difíceis, absurdas ou impostas para cercear a liberdade. Indicam, apenas, o caminho certo. Quem segue as orientações do Senhor foge da opressão, das próprias paixões do mundo e do fechamento sobre si (egoísmo e individualismo)

O Senhor não nos pede coisas, dinheiro, liturgias pomposas, mas obediência à sua vontade e solidariedade com todas as pessoas, frágeis, abandonadas e deixadas ao longo da estrada, da economia e da Igreja. Somos chamados a ser santos e perfeitos com a graça e a força de Deus. Antes de tudo Ele nos diz: “Eu sou o Senhor que fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão”.

Ter um único Deus é o básico, e a força que anunciamos é a do Crucificado. É impossível celebrar autenticamente a Eucaristia sem termos consciência de ser povo enviado e povo que se renova para cumprir melhor a missão que Deus nos mostra na história.

O Deus que encontramos em Jesus não é o Deus dos sábios e filósofos, é o Deus dos pequenos, solidário, companheiro, capaz de amar sem ser amado, capaz de responder com amor gratuito ao ódio gratuito. Que ele nos livre de sermos os “sabe-tudo”, de imaginar ter todas as respostas e, por um momento que seja achar que nada temos a aprender, ensine-nos a sabedoria da cruz, a sabedoria do último lugar, que nos leve a encontrar nosso Deus crucificado entre os homens crucificados.
        
Refletindo sobre a Campanha da Fraternidade deste ano é urgente resgatar o direito à saúde, através da reconstrução da comunhão humana, determinação firme e perseverante no empenho pelo bem comum e também para que cada um seja verdadeiramente responsável pelo outro. A saúde é um dos valores mais básicos do coração humano.

A Quaresma é um convite à conversão, para cada um de nós, para as comunidades. Sem sair da “casa da escravidão” não é possível de jeito nenhum observar os mandamentos. Sem termos um projeto de vida, não adiantam as leis. Sem um projeto de vida, nunca teremos o começo do mundo novo representado pela Páscoa, pela ressurreição de Jesus.

Para refletir:
•As práticas que usamos em nossos templos apontam para relações de libertação?
•Como agimos com as pessoas com deficiências, as vítimas da opressão, do preconceito?
•Estamos conscientes do verdadeiro sentido do batismo e do nosso compromisso de dizimista em nossas comunidades?


NÃO DEIXEM DE PARTICIPAR DAS CELEBRAÇÕES EUCARÍSTICAS DOMINICAIS EM SUA PAROQUIA E COMUNIDADES.